ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA
REALIZADA COM O OBJETIVO DE DISCUTIR QUESTÕES RELATIVAS ÀS ISENÇÕES DE TARIFAS
NO TRANSPORTE COLETIVO DE PORTO ALEGRE – QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 31-3-2008.
Aos trinta e um dias do mês de
março do ano de dois mil e oito, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio
Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e quinze
minutos, o Vereador Sebastião Melo assumiu a presidência e declarou abertos os
trabalhos, informando que a presente Audiência Pública seria destinada a
discutir questões relativas às isenções de tarifas no transporte coletivo de
Porto Alegre, conforme requerido pelo Sindicado dos Empregados do Comércio de
Porto Alegre – SINDEC –, por meio do Processo nº 0476/08. Compuseram a Mesa: o
Vereador Sebastião Melo, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o
Senhor Nilton Souza da Silva, conhecido como Nilton Neco, Presidente do SINDEC;
e o Senhor Luís Afonso Senna, Secretário Municipal de Mobilidade Urbana. Durante
os trabalhos, estiveram presentes os Vereadores João Antonio Dib, Maria
Celeste, Alceu Brasinha, Professor Garcia, Adeli Sell, Maristela Maffei,
Bernardino Vendruscolo, José Ismael Heinen e Newton Braga Rosa. A seguir, o Senhor
Presidente prestou esclarecimentos acerca das normas a serem observadas durante
os trabalhos da presente Audiência Pública, informando que, após o
pronunciamento dos Senhores Nilton Neco, Presidente do Sindicato
requerente desta Audiência, e do Secretário Luís
Afonso Senna, seria concedida a
palavra a dez inscritos, para pronunciamentos intercalados com manifestações
dos Senhores Vereadores. Em continuidade, foram iniciados os debates acerca
de questões relativas às isenções de tarifas no transporte coletivo de
Porto Alegre, tendo o Senhor Presidente concedido a palavra aos Senhores Nilton Neco e Luís Afonso Senna, que se pronunciaram sobre o
assunto. Durante o pronunciamento do
Secretário Luís Afonso Senna, foi realizada apresentação de audiovisual
referente ao tema desta Audiência. Após, o Senhor Presidente concedeu a
palavra aos inscritos, que se pronunciaram na seguinte ordem: o Senhor Luis
Carlos Silva Barbosa, do SINDEC; o Vereador Bernardino Vendruscolo; o Senhor Jaires Maciel, Presidente do Conselho Municipal de
Transportes Urbanos – COMTU –; a Vereadora Maristela Maffei; o Senhor Cláudio Guimarães, conhecido
como Cláudio Janta, Presidente da Força Sindical do Rio Grande do Sul; o
Vereador Professor Garcia; o Senhor Thalisson Silva, Presidente da União
Metropolitana dos Estudantes Secundaristas de Porto Alegre – UMESPA –; o
Vereador José Ismael Heinen; o Senhor Cláudio Corrêa, Presidente da Força
Sindical do Rio Grande do Sul; o Senhor Adão Eduardo Häggstram, Presidente do
Sindicato Nacional dos Aposentados do Rio Grande do Sul – SINDINAP/RS –; o
Senhor Gerson Assis, do Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre; o Senhor
Cristiano Alves, do Diretório Central de Estudantes da Faculdades
Rio-Grandenses – FARGS –; o Senhor José Nivaldo Brum, do Sindicato dos
Instrutores e Examinadores do Rio Grande do Sul; o Senhor Ricardo Queiroga, do
Movimento Jovem Cidadão; o Vereador Adeli Sell e o Vereador Carlos Todeschini;
e o Vereador João Antonio Dib. Durante seu pronunciamento, o Vereador Professor Garcia propôs a
criação de Comissão Especial nesta Casa, com a finalidade de estudar a isenção
das tarifas no transporte coletivo de Porto Alegre. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra, para as considerações
finais acerca do tema em questão, aos Senhores Nilton Neco e Luís Afonso Senna.
Também, o Senhor Presidente manifestou-se acerca do assunto abordado na
presente Audiência Pública. Durante a presente Audiência Pública, foram
registradas as presenças, neste Plenário, dos Senhores Itibiribá Acosta,
Presidente do Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre; Paulo Machado,
Coordenador do Centro Integrado de Passagem Escolares e Isenções; Ênio Roberto
dos Reis e Luís Mário Magalhães Sá, respectivamente Presidente e Diretor
Executivo da Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre;
Fernando Michel, Diretor de Transporte da Empresa Pública de Transporte e
Circulação – EPTC –; e Régis Leal, Diretor Administrativo-Financeiro da
Companhia Carris Porto-Alegrense. Às
vinte e uma horas e vinte e um minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor
Presidente declarou encerrados os trabalhos da presente Audiência Pública. Os
trabalhos foram presididos pelo Vereador Sebastião Melo e secretariados pelo
Vereador Carlos Todeschini, como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Carlos Todeschini,
Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata, que será assinada
pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Solicito à
Diretoria Legislativa e ao Cerimonial da Casa que possamos dar início à Audiência
Pública.
Nossas boas-vindas a todos os senhores e senhoras
na Casa do Povo de Porto Alegre. Convido os dirigentes e representantes de
entidades a tomarem seus assentos. Convido a compor a Mesa o requerente desta
Audiência Pública, Sr. Nilton Souza da Silva, o Neco, Presidente do Sindicato
dos Comerciários; o Sr. Luís Afonso Senna, Secretário de Mobilidade Urbana,
representando o Governo Municipal. (Palmas.)
Quero socializar as regras desta Audiência no seu
início para que possamos ter um trabalho bastante sério. Vamos conceder dez
inscrições, cinco para defender as posições que serão ratificadas pelo
requerente na tribuna e cinco posições para contraditar essas posições,
preferencialmente de entidades. E vamos mesclar essas manifestações com as dos
Srs. Vereadores, que alternadamente poderão utilizar a tribuna. Estão abertas
as inscrições aqui na Diretoria Legislativa. Solicito que as entidades se
inscrevam para poderem sustentar ou contraditar as posições.
Qual o fito desta Audiência Pública? O Presidente
do Sindicato e a sua Diretoria estiveram em audiência com a Presidência da
Casa. Há um ofício datado de 28 de janeiro de 2008, não vou ler todo o Ofício,
mas vou apresentar o objeto da Audiência Pública. O Sindicato, embasado numa
legislação de 1984, numa lei municipal de autoria de um Vereador da Cidade; a
lei, vetada pelo Prefeito da época, retornou a esta Casa e foi promulgada...
Essa legislação se refere aos desempregados da Cidade (Lê.): “... institui
passagem gratuita para desempregados os serviços de transporte coletivo no
Município de Porto Alegre”. É a Lei nº 5.409, promulgada pelo então Ver. Valdir
Fraga, Presidente da Casa. (Lê.) “Gabinete da Presidência Municipal de Porto
Alegre, 02 de maio de 1984 . Esta Legislação faz saber que nas atribuições que
me confere o artigo [...] Art. 1º - Fica instituída a passagem-desemprego nos
serviços de transporte coletivo explorado, concedido ou permitido pelo
Município de Porto Alegre. Parágrafo único: As passagens-desemprego darão
direito ao uso gratuito do serviço de transporte coletivo. Art. 2º - O
trabalhador de três salários mínimos ou menos terá direito a 30 passagens
quinzenais gratuitas, até o máximo de seis quinzenas. Para exercer o direito à
passagem-desemprego, o beneficiário provará quinzenalmente junto ao respectivo
sindicato a sua condição de desempregado, pelas anotações constantes em sua
carteira profissional de trabalho, recebendo um talão com 30 passagens”. E aí
segue a legislação.
Então, vamos conceder a palavra ao Presidente Neco,
por um prazo de dez minutos, para a sua sustentação. Esse mesmo tempo iremos
conceder ao Secretário Senna. Nós temos aqui o nosso datashow, se algum
dos senhores quiser usar, pode disponibilizar do aparelho. Muito obrigado pela
presença dos senhores. Com certeza teremos uma Audiência qualificada a respeito
desta matéria, que é de relevância para o Município de Porto Alegre.
O Sr. Nilton Souza da Silva, Presidente do
Sindicato dos Comerciários, está com a palavra.
O SR. NILTON SOUZA DA SILVA: Primeiramente,
agradecemos ao Presidente desta Casa, Ver. Sebastião Melo, que, depois de
receber o Ofício do nosso Sindicato, prontamente se dispôs a trazer o assunto a
esta Casa, que, verdadeiramente, é quem deve juntar e ter os debates mais
candentes da nossa Cidade. Então, agradecemos a V. Exª por esta oportunidade de
reunir os dirigentes sindicais e as entidades organizadas da nossa sociedade.
Boa-noite a todos os companheiros e companheiras dirigentes sindicais,
trabalhadores e dirigentes das entidades da sociedade civil organizada.
É importante fazer um histórico de por que chegamos
a esta Audiência Pública. Há alguns anos, mais precisamente antes de o Prefeito
Fogaça se eleger Prefeito, nós, numa reunião ordinária da nossa Central,
debatemos a questão da legislação que tinha sido promulgada na nossa Cidade há
mais de vinte anos. Se não me engano, foi ainda na época do Ver. Glênio Peres,
que, se não me equivoco, foi o autor da lei. E, sucessivamente, o Sindicato
mandou Ofícios à Prefeitura solicitando o cumprimento da lei. Até porque, à
porta da nossa entidade - está aqui o Acosta, Presidente do Sindicato dos
Rodoviários de Porto Alegre, ele também sabe -, existe uma demanda de
trabalhadores desempregados: eles vão lá pedir ajuda, porque estão sem emprego,
estão sem condições de procurar emprego, que já está escasso. Em cima dessa
demanda, o Sindicato vinha, paulatinamente, solicitando à Prefeitura os
vales-transporte. E sempre ouvíamos a mesma explicação, de que a lei tinha sido
promulgada, mas não tinha sido regulamentada. E, mais ultimamente, diziam que a
lei tinha sido declarada inconstitucional. Então, trouxemos esse debate para
dentro da nossa Central, está aqui o nosso Presidente.
Diante dessa preocupação, dessa angústia, de ver o
trabalhador bater à porta da nossa entidade e não termos uma alternativa para
resolver esse problema, começamos a pesquisar no País, nas principais Capitais,
os valores das passagens e as isenções das passagens. E aí isso nos preocupou,
porque há algumas isenções que fugiram da mão do Município, porque é lei
federal, até contradizendo a própria Constituição Federal, que diz que cabe ao
Município regular essas questões. Em cima disso, há isenções do transporte
coletivo na nossa Cidade que estão sem critérios. Não somos contra as isenções,
quero deixar bem claro isso. O que nós estamos propondo nesta Audiência Pública
é que esta Câmara assuma para si a responsabilidade de trazer o debate para cá, que a gente possa discutir toda
a questão do transporte coletivo da nossa Cidade e as isenções.
De
que forma nós podemos... Por exemplo, uma pessoa atingiu os 65 anos de idade:
ela tem isenção, basta ter os 65 anos de idade, não há critério nenhum de
renda, não há nenhum critério que justifique. O estudante paga meia passagem,
para isso não há critério, basta justificar que está matriculado numa escola,
não interessa se é numa escola pública ou se é numa escola com uma mensalidade
de mil, mil e duzentos reais. Citamos também os carteiros e Oficiais de
Justiça, que já vem cobrado no próprio processo. Enfim, é uma série de isenções
para as quais não há critérios. Por não haver critérios, quem paga a conta
dessas isenções do passe-livre, quem paga a conta dessas isenções? Quem utiliza
o transporte. E quem utiliza? Normalmente é o trabalhador de baixa renda, não é
a pessoa que tem um pouco mais de posses. A pessoa que tem um pouco mais de
posses pode pegar táxi, pode pegar o lotação.
Enfim,
estivemos pesquisando como está, nas outras Capitais, o valor do transporte
coletivo. Pegamos Capitais bem maiores que Porto Alegre, como São Paulo, Rio de
Janeiro, Belo Horizonte, aqui perto, Curitiba, Florianópolis, e nos
surpreendemos. Porto Alegre é uma das cidades que tem o transporte coletivo
mais caro, se comparado a São Paulo, que tem provavelmente dez vezes mais população
do que nós. Em Curitiba, a passagem custa um real e noventa centavos, tem
praticamente o mesmo número de habitantes que nós; a quilometragem do
transporte também. E aí tu vais ver que em Curitiba a questão dos estudantes
eles conseguiram regulamentar; famílias com até três salários mínimos que
tenham filho na escola; famílias até cinco salários mínimos que tenham dois
filhos na escola.
Porque,
em relação à isenção, a gente termina vendo que é o trabalhador que sustenta o
sistema e, na hora que ele mais precisa do sistema, que não está recebendo mais
nenhum beneficio, ele não tem o seguro-desemprego, não tem nenhuma renda dada
pelo INSS, está sozinho na vida. Quando ele mais precisa do transporte
coletivo, que é para procurar um emprego, ele não consegue, ele não pode
utilizar o transporte coletivo, porque não tem vale-transporte. Isso é uma
injustiça grande, porque, quando está na ativa, ele sustenta o sistema; quando
não está mais na ativa, não tendo benefício nenhum, ele não pode utilizar o
sistema, e o sistema de transporte coletivo de uma cidade tem que ser para
todos. Tivemos recentemente o exemplo de Fortaleza, onde foi feito um referendo
para definir os reajustes do transporte coletivo da cidade. Inclusive, eles têm
lá a tarifa social, que era só para um domingo por mês, mas hoje está sendo
para todos os domingos, e a população aprovou. Chamaram a população para opinar
sobre como deve funcionar o transporte coletivo, que isenções deveriam ser
dadas.
Acho
que, na realidade, a nossa proposta é trazer, para dentro desta Câmara, um
debate para rever as concessões de transporte gratuito na nossa Cidade,
revisando isso para não só baratear o custo da passagem, mas também para
estender o transporte gratuito àquele trabalhador, mas com critério, com critérios
sérios, para que ele possa ter acesso a um número “x” de vale-transporte, para
que possa procurar um emprego e sustentar a sua família. Esse foi o motivo que
levou o Sindicato dos Comerciários a reivindicar esta Audiência Pública e a
discutir dentro da nossa Central, para que a Central abraçasse esta campanha,
esta luta, para que o trabalhador que sustenta o sistema possa participar dele
na hora em que ele mais precisa. Muito obrigado. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Registramos
a presença dos Vereadores João Antonio Dib, Maria Celeste, Alceu Brasinha,
Professor Garcia, Adeli Sell, Maristela Maffei, Bernardino Vendruscolo e José
Ismael Heinen. Registramos
também a presença do Sr. Jaires Maciel, Presidente do Conselho Municipal de
Transportes Urbanos; Sr. Itibiribá Acosta, Presidente do Sindicato dos
Rodoviários; Sr. Paulo Machado, Coordenador do Centro Integrado de Passagens
Escolares e Isenções; Sr. Thalisson Silva, Presidente da UMESPA; Sr. Cláudio
Janta, Presidente da Força Sindical; Sr. Luís Mário Magalhães Sá, Diretor
Executivo da Associação dos Transportadores de Passageiros.
O
Sr. Luís Afonso Senna, Secretário de Mobilidade Urbana, está com a palavra. Ele
usará o datashow para fazer a sua explanação; depois abriremos a palavra
às entidades e aos Srs. Vereadores.
(Procede-se
à apresentação do datashow.)
O
SR. LUÍS AFONSO SENNA: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, o
assunto tarifa do transporte público é um assunto, evidentemente, que toca
diretamente a vida cotidiana de uma cidade, e em Porto Alegre isso não é
diferente. O que nos preocupa - e o que me preocupa como Secretário da área - é
o significado do conjunto de isenções que temos hoje e a repercussão dessas
isenções em relação ao custo do transporte público na nossa Cidade.
Começaria
mostrando rapidamente, e de uma forma bastante simples, o que significa o
cálculo da tarifa de Porto Alegre. Temos um conjunto de insumos, temos o valor
do veículo, o custo de pneus, lubrificantes, o salário dos rodoviários, peças;
isso é basicamente o que compõe o custo do sistema. O rateio de custos, ou
seja, o que se faz com esses custos em termos de refletir na tarifa é muito
simples; esse custo é dividido pelo número de pessoas que pagam pelo sistema. A
fórmula de calcular também é bastante simples. Basicamente nós pegamos esse
custo por quilômetro e dividimos pelo número de passageiros pagantes por
quilômetro. Esta parte de baixo é o famoso IPCA. Aqui eu acho que começam
alguns aspectos que nos preocupam, pois nós, como gestores, precisamos estar
atentos em relação à sustentabilidade do sistema. Se todos os passageiros
pagassem a tarifa, nós teríamos esta porçãozinha da pizza, porção que
corresponde ao valor total. Mas, se só um pedaço do número de usuários paga por
essa tarifa, obviamente o valor da tarifa acaba sendo maior.
Nós
estamos agora num processo de implementação do sistema de bilhetagem eletrônica
de Porto Alegre, o nosso Tri, que vai representar, para esta Cidade, um ganho
absolutamente fantástico e vai colocar Porto Alegre num patamar ainda melhor do
que ele se encontra, no cenário das Capitais brasileiras, em termos de
qualidade do transporte público. E ele está nos fornecendo agora um conjunto de
informações muito mais detalhado do que nós tínhamos, exatamente porque o
sistema permite um acompanhamento, um controle muito mais próximo, mais exato
em relação ao que se tinha até então.
No
cadastro, até o dia 27 de março, o número de isentos, com cartão, já chega a
177.732. O número de escolares, com o cartão TRI, é de quase 85 mil. Aqui nós
temos, neste numero imediatamente baixo, a utilização de isentos entre 1º e 27
de março: agora, neste mês, foram 3.706.467. Os escolares, nesse mesmo período,
foram 1.480.286. Se somarmos o número de isentos, mais o número de escolares e
dividirmos por dois, porque o escolar paga meia, nós temos um número total de
4.446.610. Nesse cálculo ainda não estão considerados os brigadianos, os
carteiros, os Guardas Municipais, além do dia mensal com isenção.
Qual
é a repercussão dessas isenções em termos do sistema? Aí nós fizemos o
seguinte: pega-se o número total de isentos, aquele que eu tinha mostrado
anteriormente, e multiplica-se pela tarifa atual, que é R$ 2,10 - e depois vou
fazer um pequeno comentário em relação à questão da tarifa, algo foi mencionado
pelo expositor anterior -, nós chegaremos a este número: 9.337.881. Este valor
é o valor que os demais passageiros pagantes pagam por mês, além da sua própria
passagem, para manter o conjunto de isentos que utilizam o nosso sistema de
ônibus em Porto Alegre. Se tivéssemos algum mecanismo extratarifário, um
subsídio, por exemplo, como algumas cidades já implementaram - obviamente elas
acabaram tendo problemas também -, para custear as isenções, nós teríamos, na realidade, não uma tarifa de R$ 2,10,
mas uma tarifa de R$ 1,70. E essa é a preocupação fundamental do Poder Público,
da autoridade, no caso, da Secretaria de Transportes de Porto Alegre, a EPTC.
Então, a nossa grande preocupação é como assegurar o que nós estamos chamando
de sustentabilidade. E o que a gente tem observado nas últimas décadas é o
aumento do número de isentos. E toda essa conta acaba recaindo sobre quem paga
a tarifa. Então, a nossa preocupação é basicamente expor a repercussão de
qualquer política que venha ou ampliar ou manter a atual lógica de isenções. É
uma visão bastante pragmática e objetiva.
Eu
só queria complementar, Sr. Presidente, em relação à observação feita sobre o
valor da tarifa. As tarifas são reajustadas nas diferentes cidades em diferentes
momentos. Então, a cada dia em que se tira fotografia para comparar tarifas,
acaba-se tendo cenários diferenciados. Porto Alegre é uma das raras cidades que
tem mantido a tradição, ao longo dos anos, ao longo das décadas, de fazer os
reajustes nas épocas previstas. Ou seja, não deixar de fazê-lo, até porque, se
os reajustes não forem feitos no momento em que está previsto, o reajuste será
muito maior. No caso de Porto Alegre, o processo é bastante claro e
transparente do ponto de vista da planilha de custos, da planilha tarifária,
que é uma das planilhas-modelo que se têm no Brasil. Porto Alegre tem isso,
inclusive louvo o fato de que, independente dos Governos que estão ocupando a
Prefeitura Municipal de Porto Alegre, isso tem sido obedecido de uma forma
muito concreta e muito objetiva, como também a transparência com que o cálculo
é feito.
Então,
a tarifa de R$ 2,10, em Porto Alegre, é um tarifa que reflete os custos, mas
principalmente reflete a quantidade de pessoas que pagam essa tarifa. E, como
apresentei antes, a tarifa é simplesmente o resultado do custo pelo número de
pagantes, quanto menor for o número de pagantes, obviamente maior será a
tarifa, mas Porto Alegre não possui a tarifa mais cara do País, pelo contrário.
E boa parte, quando se compara essas tarifas, eu insisto, são Governos que
muitas vezes não fazem os reajustes, mas, quando o fazem, há um reajuste muito
maior e um ônus muito maior para quem paga a tarifa. Obrigado, Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Queremos
registrar a presença do Sr. Adão Eduardo Häggstram, Presidente do Sindicato dos
Aposentados; Sr. Ênio Roberto dos Reis, Presidente da Associação dos
Transportadores de Passageiros de Porto Alegre; Professor Fernando Michel,
Diretor de Transporte da EPTC, e Ver. Newton Braga Rosa.
Passaremos
às inscrições, já devidamente feitas à Diretoria Legislativa, das
representações de diversas entidades. Coloco a palavra à disposição dos Srs.
Vereadores, na medida em que quiserem se manifestar, alternadamente após a
manifestação de cada entidade.
O
Sr. Luis Carlos Barbosa, do Sindicato dos Comerciários, está com a palavra.
O
SR. LUIS CARLOS BARBOSA: Boa-noite
a todas as companheiras, a todos os companheiros; ao Presidente, Ver. Sebastião
Melo; aos demais integrantes da Mesa, aos demais Vereadores aqui presentes, aos
dirigentes sindicais e à sociedade civil.
Eu
fico preocupado, Secretário Senna, quando V. Exª coloca que não é verdade que
Porto Alegre tem uma das passagens mais caras do Brasil. Esse dado não é um
dado do Sindicato dos Comerciários de Porto Alegre, mas um dado que consta no site
das Capitais. Tenho certeza de que, quando o Presidente Janta falar desta
tribuna, irá dar o preço de cada passagem em cada Capital, o que está sendo
cobrado. Quando participei de um debate com um membro da ETPC, ele disse que há
alguns custos como acessibilidade, ar-condicionado, e eu disse: “Olha, moro na
Restinga e não há acessibilidade, conforme é dito. Moro na Restinga e não há
ônibus com ar-condicionado na mesma proporção. Quem sabe, quem mora no bairro
Moinhos, quem mora no bairro Rio Branco, quem mora na elite da Cidade possa
dispor desses benefícios”.
Acho
que esta Audiência Pública é de capital importância, sim, porque traz para a
seara da Câmara Municipal, de novo, a competência de estabelecer o debate, mas
acima de tudo nós devemos discutir também a questão do passe livre. O dia do
passe livre na verdade é prejudicial aos trabalhadores que têm que trabalhar
neste dia, trabalhadores que têm dificuldade de pegar o seu ônibus, de passear
com a família, de sair, porque não há as condições necessárias. Aí, neste dia,
passa todo mundo na roleta, não é só quem, em tese, pagaria a passagem; é todo
mundo. Acho que isso também deve ser necessário.
Agora
existem algumas questões que a gente tem que discutir. Eu vi o senhor colocar,
no seu cálculo, R$ 2,10 para ter o custo, como se o estudante não pagasse nada.
O estudante paga meia passagem. O senhor colocou que quatro milhões de pessoas
utilizam a isenção, que esses quatro milhões somados aos aposentados dariam
três milhões e pouco; mais um milhão e pouco de estudantes, seriam quatro
milhões e quatrocentos. Esses quatro milhões e quatrocentos mil multiplicados
por R$ 2,10 dariam os nove milhões de reais. E a gente vê que, na verdade, não
são todos eles: o estudante paga meia. Acho que tem algum problema de cálculo
ali, não se explicita bem. (Palmas.)
Vejo
colocarem que tem de se repassar para o custo da passagem a inflação, mas vamos
pegar a inflação de 1994 para cá. A inflação deve ter dado uns 250%, 240%, e o
reajuste da tarifa foi de 450%. Ou seja, 70% mais do que a inflação. Será que o
salário do trabalhador foi corrigido nessa mesma proporção? Não, não é verdade.
Então, há alguma coisa que precisamos trazer aqui para o debate, para saber o
que está acontecendo! Eu acho que está aí a importância de os Srs. Vereadores
analisarem como é calculado, como são feitos esses critérios, para termos a
clareza, porque a gente está vendo que não é essa a realidade.
Por
isso, desafio o Secretário Senna para que abra o site das Capitais,
pesquise o valor das passagens, ele terá a certeza de que Porto Alegre é uma
das Capitais que têm o preço da passagem mais elevado do Brasil, e não tem a
qualidade conforme é colocado. Em Florianópolis, aqui do lado, pode-se pegar o
transporte no Centro de Florianópolis, ir a Canasvieiras, praia dos Ingleses,
que são 50 quilômetros, e o preço da passagem é R$ 1,60, ou R$ 1,70; e nós aqui
estamos pagando R$ 2,10! Muito obrigado. Gostaria de me colocar à disposição. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra.
O
SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Nobre
Vereador-Presidente desta Casa, Ver. Sebastião Melo; Nilton Souza, o Neco,
Presidente do Sindicato dos Comerciários; Sr. Senna, Secretário de Mobilidade
Urbana; demais autoridades, todos se sintam cumprimentados.
Eu
também quero dar o meu depoimento aqui. Acho que o dia do passe livre já teve o
seu tempo, até porque a gente nota que as pessoas, de modo geral, têm
dificuldade de usar ônibus nesse dia. É um abuso. Eu acho que o passe livre
(Palmas.) poderia ficar para dias como o das eleições, das vacinas, enfim.
Agora, também não consigo, Dr. Senna, aceitar essa idéia dos carteiros, não
estou falando do profissional. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
hoje oferece um serviço caro, tanto é verdade que há empresas particulares
tentando se habilitar para fazer o serviço, mas, claro, como essa Empresa detém
o monopólio... Eu teria até outros abusos da Empresa de Correios aqui, tentando
trazer para si a possibilidade de fazer serviço que não é da sua competência. O
assunto não é esse hoje, mas até isso nós temos. Acho que chegou a hora de a
Empresa de Correios começar a pagar taxa dois, porque não dá, realmente é um
absurdo permitir essa concessão a uma Empresa que cobra valores altos para
prestar o serviço de entrega de correspondência. Esse é outro assunto que já
está batido, é um assunto do passado, mas temos que tentar resolver isso o mais
urgente possível.
Outra situação de que eu gostaria de falar - se o
senhor tiver disponibilidade depois - é sobre a isenção pela idade. Aqui eu
quero que entendam, eu acho que essa isenção é uma discrepância, é uma
avaliação sem sensibilidade, porque nós avaliamos as pessoas pela idade, e não
pela condição financeira, muitas pessoas têm condições de pagar os ônibus e se
valem da idade para ficarem isentas.
E
eu gostaria de saber - eu vou deixar esta pergunta - se esse sistema
informatizado vai identificar essas pessoas que usam ônibus, que estão
trabalhando, que estão no segundo emprego, porque nós sabemos que há ou havia
uma empresa contratando profissionais aposentados para fazer serviço de rua.
Com esse sistema informatizado, parece que é possível constatar a pessoa que
pegou o ônibus várias vezes durante o dia, todos os dias da semana, e aí se
pode cassar essa autorização de não pagar a passagem em razão da idade, que é
outro absurdo.
Quero dizer que também tenho este sentimento, mas,
no dia de hoje, Dr. Senna, tenho pena do senhor, porque hoje é ruim. Um abraço.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Sr. Jaires
Maciel, Presidente do
Conselho Municipal de Transportes Urbanos, está com a palavra.
O
SR. JAIRES MACIEL: Sr.
Presidente, Ver. Sebastião Melo; Sr. Senna, Secretário dos Transportes;
Presidente do Sindicato dos Comerciários, demais entidades aqui presentes, Srs.
Vereadores, público em geral, eu quero, em um primeiro momento, colocar a
posição aqui do Conselho Municipal de Transportes Urbanos. Para quem não
conhece, é o Conselho mais antigo da Cidade, ele já tem 53 anos desde a sua
fundação. Eu estou no Conselho há doze anos como conselheiro e, nos últimos
quatro anos, como Presidente. O Conselho se reúne quarenta semanas por ano, em
quarenta reuniões o ano inteiro, e, em uma reunião lá por meados de janeiro,
fevereiro, discute a aprovação do eventual reajuste da tarifa de ônibus. Então,
o Conselho não se reúne só para discutir tarifa de ônibus, como algumas pessoas
pensam. Nós tivemos, em meados de 2003, um trabalho dentro do Conselho que
atualizou a Planilha Geipot de 1982, de forma que Porto Alegre é hoje, das
Capitais que usam o sistema da Tabela Geipot, a que tem o sistema de cálculo
mais atualizado com a realidade da nossa frota em Porto Alegre.
Eu
quero aqui saudar o Sindicato dos Comerciários pela iniciativa de trazer este
debate à Câmara de Vereadores, muito embora num ano eleitoral; é um assunto
espinhoso, a gente sabe disso, para se tratar num ano eleitoral, mas é o lugar
certo, é a Casa certa, em que tem que ser discutido esse assunto.
Nós
temos, de um lado, algumas isenções do sistema, e não cabe ao Conselho discutir
o mérito dessas isenções. São isenções concedidas ou por lei federal, ou por
lei estadual, ou até mesmo por esta Câmara de Vereadores, então não nos
compete, como conselheiros, discutir o mérito das isenções. Mas compete ao
Conselho, sim, discutir a forma como essas isenções impactam no sistema. Eu,
particularmente, acredito que daqui alguns anos nós teremos isenções para todos
os moradores de Porto Alegre, porque vai ser a maneira que os Governos vão
achar para enfrentar o problema do carro particular nas cidades, vai levar
algum tempo, mas possivelmente a tarifa seja isenta para todos, para que as
pessoas não usem seus carros particulares.
Mas
até lá nós temos um modelo vigente, que é esse modelo que aí está, e esse
modelo hoje apresenta 30% de isenções na Capital. Trinta por cento significa
que, de cada três passageiros, um não paga passagem; significa que, cada vez
que um passageiro pagante põe a mão no bolso, ele está pagando a sua passagem e
mais meia e não sabe para quem. Se multiplicarmos isso pelas idas e vindas das
pessoas, dá um bom dinheiro no fim do mês, porque o sistema, tal como está, é
injusto, ele tributa o passageiro pagante. Não existe nenhum tipo de subsídio
hoje na tarifa do ônibus em Porto Alegre. Tributando o passageiro pagante, ele
torna o sistema perverso. Hoje, vocês sabem, compra-se uma moto, paga-se a
prestação de uma moto com menos com que se paga a tarifa do ônibus, se tiver
que usar dois ônibus por dia em Porto Alegre. Então esse passageiro pagante,
que subsidia o sistema, que paga a isenção, está saindo do sistema, e o sistema
torna-se autofágico, porque, se o que sai do sistema deixa de pagar, a tarifa
fica mais cara, e mais pessoas saem do sistema. Há doze anos eu estou no
Conselho, em nenhum desses doze anos eu vi o IPCA subir; pelo contrário, o IPCA
aumenta todo ano, fazendo com que a tarifa de ônibus se torne mais cara em
Porto Alegre.
Eu
quero deixar aqui uma provocação e uma proposição a esta Casa, em nome do
Conselho, que representa 21 entidades, entre as quais a UAMPA, a Fetapergs, o
Orçamento Participativo, a UMESPA, os aposentados, que têm assento naquele
Conselho: proponho uma medida que batizei de FIM - Fundo de Isenção Municipal.
Eu acho que está no momento de esta Casa discutir, quem sabe, essa proposta,
buscando recursos em alguns segmentos que têm a ver com o transporte, para
subsidiar as isenções em Porto Alegre.
E,
só para concluir, concordando com o Barbosa, em 2005 o COMTU - aliás, foi a
única resolução unânime do Conselho -, extinguiu do “dia do Deus me livre”. Em
2005, nós mandamos um Ofício ao Prefeito, à Câmara Municipal de Porto Alegre,
para que estudassem uma modalidade de extinção do “dia do Deus me livre”, que
há muito não atende ao fim para o qual foi concebido. Obrigado.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A
Verª Maristela Maffei está com a palavra.
A
SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras. (Saúda os componentes
da Mesa e demais autoridades presentes.) Nós temos discutido permanentemente
nesta Casa a questão do transporte coletivo. E há algumas concepções que vêm
para cá como algo moderno e outras concepções como retrógradas. Em relação à
questão do investimento do transporte coletivo, é muito pouco o que ouvimos
aqui, inclusive do Executivo, porque para o Executivo o moderno é propor, por
exemplo, a questão dos Portais. Primeiro, quero dizer que é um direito do
Executivo apresentar o projeto que ele quiser, como é um direito meu, como
Vereadora, e da população expressar a opinião. Eu acho que não vai resolver o
problema do transporte coletivo de Porto Alegre - apesar de não ser o tema aqui
hoje - a questão dos Portais. Como estamos discutindo o transporte, quero
colocar que isso resolve muito mais a questão de shopping centers do que
propriamente as questões do transporte coletivo de Porto Alegre.
O
que é o moderno na verdade? Algumas coisas nós tínhamos como um processo de
modernidade; por exemplo, os motores ecológicos dos ônibus da CARRIS. Mas eles
foram tirados, e isso para mim foi um retrocesso, porque estamos tratando de
investimentos futuros, na própria questão ambiental. São setenta ônibus novos
sem motor ecológico! O que é atrasado do meu ponto de vista? E aqui me perdoe a
minha querida camarada Manuela, temos discutido isto com a nossa futura
Prefeita de Porto Alegre, dizendo que não dá para isentar todos os estudantes.
Temos de ter critérios aqui. Por quê? Porque não pode! Nós sabemos que é lá na
Universidade Federal que está a maioria dos filhos dos ricos. E que é lá nas
públicas que a maioria dos filhos dos empobrecidos estão e que são, na maioria
das vezes, subsidiados pelo próprio Governo Federal pelas suas vagas. E isso
tudo encarece. Nós temos de ter critérios pela renda, pela condição do
estudante, tanto lá na Federal como aqui. Ainda bem que eu já estou conseguindo
convencer a minha futura Prefeita, porque, senão eu ia ficar triste com ela,
mas nós estamos chegando a um bom consenso em relação a isso. Considero um
atraso a isenção a todos os estudantes.
É
a mesma coisa a questão dos aposentados. Ora, se nós temos um aposentado que
ganha dez salários mínimos, ou oito salários mínimos, como é que ele tem o
mesmo direito no sentido de fazer o seu passeio ou de ter seu segundo
trabalho... Eu não vou criticar os aposentados que buscam outra renda, porque é
tão baixa a renda que às vezes as pessoas se obrigam a isso. Mas, por outro
lado, não é justo para aqueles que têm um poder aquisitivo muito baixo.
Outra
questão também que não dá mais para aturar do meu ponto de vista... Nós temos
que acabar com 80% dos nossos passes livres. Acho que essa é uma das questões
que nós temos de enfrentar com toda a lealdade. Agora, queremos discutir de uma
forma leal com os nossos empresários, os nossos parceiros aqui da Cidade, a
questão que foi colocada na visão do Sindicato. Porque este é sistema
democrático que nós vivemos: é de sentar à Mesa. Não é assim que é feito lá no
Sindicato? Mas nem todo mundo hoje está dentro da economia formal, sessenta por
cento da população está na economia informal. Então precisamos também discutir,
podemos analisar, não dá para isentar todos os que estão desempregados. Ao
mesmo tempo, não podemos ir para outra dicotomia, de que todo mundo é igual, e
aqueles que usam os ônibus são pessoas do mesmo poder aquisitivo, apenas para
fazer um projeto demagógico nesta Casa, ou mesmo projetos que são mandados para
cá pelo Executivo, sendo penalizada toda a população de Porto Alegre.
Sou
parceira, Senna, em relação à redução de 80% do passe livre. Nós temos um povo
empilhado, o horário dos ônibus é diminuído, e a nossa população não tem
absolutamente nada de lazer, as pessoas ficam muito mais tempo nas paradas de
ônibus, são penalizadas por isso. Nós temos de pensar como equacionar todas as
opiniões aqui, devemos ter um olhar sério, os próprios empresários dando um
olhar sincero, econômico, de coração, analisando a problemática da Cidade, mas nós
também, enquanto Legislativo e Executivo, devemos observar que algumas questões
não são possíveis mais manter. Não é a questão do passe livre - a maioria dos
empobrecidos é que andam de ônibus -, não é por isso, é pelas conseqüências que
hoje vivemos. Foi bom no momento, hoje infelizmente não é mais. Muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Sr. Cláudio
Janta, Presidente da Força Sindical do Rio Grande do sul, está com a palavra.
O SR. CLÁUDIO JANTA: Boa-noite,
senhoras e senhores, Vereadores presentes, Presidente desta Casa, Secretário
Senna; Nilton Souza, o Neco, nosso companheiro, que teve a brilhante idéia de
nos trazer esta discussão. O Barbosa me deu a responsabilidade, então vou
informar os números: 17 Capitais têm o preço da tarifa abaixo da de Porto
Alegre; das restantes, em cinco Capitais, a tarifa é superior e, em quatro, é
igual à tarifa de Porto Alegre. Só que essas Capitais têm a mesma isenção de
Porto Alegre, essas 17 têm as mesmas leis federais que dão isenção para
carteiro, que dão isenção para aposentados acima de 65 anos, que dão isenção para
os auditores fiscais - é tanta isenção que até nos perdemos -, que dão isenção
para os auditores fiscais da DRT, isenção para o portador de HIV e doenças
terminais. Agora, não imagino um cara com câncer, tomado de câncer, ou em fase
terminal de HIV, andando de ônibus, eu não imagino isso, mas estou tentando
imaginar desde que descobri que havia essa isenção; não consigo imaginar a
pessoa debilitada andando de ônibus. E, nas outras Capitais, inclusive no Rio
de Janeiro, o percurso dos ônibus é bem maior do que o dos ônibus que vão ao
Lami, e ainda existem os bondes, os caras assaltam os ônibus, os caras não
pagam ônibus, vêm da praia fim de semana e não pagam os ônibus.
Então queremos discutir com seriedade a questão das
isenções em Porto Alegre; não queremos nada mapeado, queremos as coisas abertas
e colocadas no papel: o que é isenção? O que não é isenção? Qual é o custo da
tarifa? É muito simples eu botar um número aqui, multiplicar por 2,10 e dizer
que é o custo. Eu quero saber o que é o resto e quantos pagam. Eu sei quantos
não pagam, quero saber quantos pagam, quero saber quantas pessoas pagam a
passagem em Porto Alegre. Acho que temos que ter critérios, sim. A Vereadora já
iniciou aqui. Eu acho que quem tem direito à isenção é quem trabalhou e produziu
para este País e agora tem o direito de, pelo menos, dar uma voltinha no mês.
Mas quem ganha até três salários mínimos, o aposentado, o restante que vá pagar
a passagem! Quem tem direito à isenção é o estudante, mas filho do trabalhador,
aquele que a renda da família não passa de três salários mínimos. Agora não o
“filhinho de papai”, que pega a passagem para ir ao cinema, para ir ao shopping, para ir roubar tênis. Porque
não é filho de trabalhador que rouba tênis. O filho de trabalhador enche o saco
do velho e da velha para ganhar o tênis no final do mês, nem que seja da
“laje”, da “pedra”, como chamam. Mas os “filhinhos de papai” é que saem na
aventura de roubar tênis.
Nós queremos seriedade no negócio. Nós temos uma
gama de trabalhadores desempregados, não é para a economia informal, o que a
gente propõe tem regras. O trabalhador vai ter que ir ao Sine e se cadastrar
para pedir emprego. Não é ficar na rua, vendendo produtos importados, produtos
do Paraguai, vendendo bijuterias e dizer que é desempregado. Não é o que está
acontecendo hoje em dia, porque as empresas estão contratando os aposentados
para não dar vale-transporte, gente, para fazer serviço de banco na rua, usando
eles para fazer vários serviços, tirando emprego de outros. Então nós queremos discutir
com seriedade a questão da passagem. Se o Conselho Municipal de Trânsito não
tem competência para discutir a questão, como foi dito aqui pelo Sr.
Presidente, porque a lei não lhe garante isso, esta Casa e a sociedade civil
organizada de toda a cidade de Porto Alegre têm competência, sim, para discutir
a questão do transporte em Porto Alegre, para discutir a questão das isenções
em Porto Alegre.
Por que nós temos que pagar passagem para pessoas
que a gente nem sabe quem é? Quem são essas 177 mil pessoas que andaram de
ônibus em Porto Alegre neste mês de março? Quem são essas pessoas? O que
fizeram? O que estão fazendo para andar de ônibus em Porto Alegre? Qual o
controle que se tem dessa passagem de ônibus? A pessoa faz a carteira e vai
aonde quer com ela. Não é para ir para a escola, para a universidade.
Professores, doutorados, com carros importados, que tiram férias na Europa, têm
isenção do transporte de Porto Alegre. Isso nós temos que acabar. Transporte
tem que ser público e gratuito para quem precisa do transporte, para quem tem
necessidade de se dirigir ao seu trabalho e ao seu lar.
Então, a gente acha que esta é uma primeira
Audiência Pública, que esta Casa tem o compromisso de fazer mais e mais
Audiências Públicas para discutir essa questão do transporte. Achamos que o
Conselho também tem a obrigação de fazer uma grande Audiência, abrindo a
planilha das passagens de Porto Alegre para os trabalhadores, para a sociedade
civil, e esta Casa tem condições de criar uma agência reguladora, para regular
a questão do transporte em Porto Alegre. Esta é a posição da nossa Central: da aplicação da lei que
existe desde a época de André Forster, há 24 anos existe essa lei, pela qual o
trabalhador desempregado tem direito à passagem para procurar emprego. Nós
queremos regulamentar, criar critérios para essa passagem, tirar as isenções,
nem que nós tenhamos que ir a Brasília, Ver. Bernardino, para resolver a
questão dos carteiros, porque a Empresa hoje cobra muito caro uma carta não só
em Porto Alegre, mas em toda a nossa União. Uma boa noite a todos.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
O Ver. Professor Garcia está com a palavra.
O
SR. PROFESSOR GARCIA:
Prezado Presidente, Ver. Sebastião Melo; caro cidadão de Porto Alegre,
Presidente do Sindicato dos Comerciários, Nilton Souza; prezado Secretário Luís
Afonso Senna, colegas Vereadores, líderes sindicais, senhoras e senhores,
primeiro eu quero parabenizar o Sindicato dos Comerciários por trazer a esta
Casa esse assunto, realmente é um assunto que está sempre em discussão, levamos
em conta sempre se fizemos ou não justiça com o transporte coletivo em Porto
Alegre.
Eu
quero ressaltar que, pela primeira vez, esse número de isentos, de 177.732 e
84.839 escolares, só é possível através da criação da bilhetagem eletrônica.
Pela primeira vez, a Prefeitura está tendo dados concretos, porque até então
era hipótese, não havia dados suficientes para saber quantos eram os isentos em
Porto Alegre. Dentro dessa visão macro de isenções, nós falamos das isenções
como um todo, mas é importante saber que todos assalariados são isentos nas
suas passagens de transporte. De que forma? Porque, dentro de seu salário até
6%, o resto quem paga são as empresas. Mas vamos abordar numa visão macro, como
estou fazendo, as questões das isenções. A isenção para pessoas com idade acima
de 65 anos não nos cabe aqui discutir, porque é uma legislação federal. A
legislação federal jamais trata, em questão remuneratória ou divisão por
salário...ela adotou um sistema universal. Porto Alegre tem uma legislação
específica, 60 anos, e aí, sim, há um cuidado com diversas
faixas salariais.
Outra questão bastante decantada foi o passe livre.
Eu sou daqueles que entendem que temos que discutir a questão do domingo, mas,
ao mesmo tempo, aprendi de conquista a gente não abre mão, a gente sempre
amplia a conquista. Então, nós discutimos, mas perguntem àquelas pessoas que
andam aos domingos com o passe livre se elas querem que isso termine, porque
também elas não querem, embora todo o transtorno. Aqui nesta Casa - já estou há
doze anos aqui - houve um Vereador que pensou em mudar o passe livre de domingo
para segunda-feira, mas a visão do domingo é o reforço da família; a idéia é
pegar a família, deslocar-se e visitar os parentes de um lado ao outro da
Cidade. A questão do trabalhador desempregado na segunda-feira é de como
viabilizar isso. Para vocês terem uma idéia, num domingo, em média, transitam
de 250 a 300 mil pessoas; numa segunda-feira, é 1 milhão e 200 mil
trabalhadores. E não quer dizer que tenha 1 milhão e 200 mil, não, mas são
várias viagens, idas e voltas. O problema é como quantificar, é como saber quem
é quem, qual a sua identidade. Essa é uma questão sobre a qual temos que
trabalhar.
Além disso, temos que ter critérios claros, e é
muito difícil saber quem é quem. Eu faria uma pergunta: quando a pessoa está
naquele período dos quatro meses, em que, ao estar desempregado, continua
recebendo, como ficaria? Eles teriam direito? Não teriam direito? Eu estou
apenas levantando situações para que possamos pensar.
Para finalizar, Sr. Presidente, vou fazer uma
proposta de forma clara: acho que esta Casa tem condições de criar uma Comissão
Especial, e uma Comissão Especial tem 60 dias e mais 30 dias, ou seja, num
prazo de 90 dias essa Comissão teria todas as condições de levantar um
mapeamento, saber quem é isento e quem não é. Dessa forma poderíamos propor e
aí, sim, partir para uma posição. Este Vereador propõe uma Comissão Especial
para tratar as isenções da questão tarifária em Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Sr.
Thalisson Silva, da UMESPA, está com a palavra.
O SR. THALISSON SILVA: Boa-noite aos
senhores presentes nesta Audiência, em que se discute a questão das isenções, a
questão do acesso da população à nossa Cidade. O debate que está acontecendo é
muito importante.
Nós, estudantes, não fugimos do debate, ao
contrário de alguns Secretários de Estado que, de vez em quando, botam a culpa
na segurança. Estamos aqui presentes para discutir tudo isso. É um direito
legítimo do SINDEC, é um direito legítimo dos trabalhadores colocar a questão
do direito de os desempregados terem acesso a tudo isso. No entanto nos causa
muita preocupação algumas coisas que foram levantadas no centro desse debate.
Colocaram como vilão do passe na nossa Cidade o direito dos estudantes à meia
passagem, colocaram o estudante como culpado pelo preço da passagem, colocaram
o estudante como um “filhinho de papai” que não merece ter direito ao meio
passe e disseram que nós não usamos o meio passe para o seu devido fim. O
estudante tem, sim, o direito de usar o meio passe. O estudante tem, sim, o
direito a ir ao cinema, ao parque, a fazer esporte, porque isso é formação,
isso é educação, sim. A educação não é só no banco escolar. Nós temos que pautar
essa discussão com seriedade, como foi colocado aqui, nós exigimos seriedade!
Não pode ser colocado que o direito do estudante deva ser reduzido. Nos
exigimos que o direito do estudante não seja tocado! Nós não vamos tolerar que
se toque no direito do estudante! Fica o alerta: os estudantes não vão permitir
que o seu direito seja reduzido.
Temos aí debates que preocupam, como, por exemplo,
o que prejudica diretamente o trabalhador. Afinal, o trabalhador é um pai de
família, o trabalhador tem filhos, que dispõem desse direito. O trabalhador,
por exemplo - esta é uma preocupação que a gente tem levado as demais
entidades, seja de professores, seja na discussão com o DCE, com a UEE e também
com a EPTC... Em relação ao Tri, os passes são intransferíveis, então que o pai
de família que tem vários filhos possa comprar diversas vezes o passe dentro do
mês até chegar ao limite já colocado na lei. Isso não prejudicaria o sistema e
ainda ajudaria ao pai de três ou quatro filho, porque ele não precisaria gastar
200 reais no início do mês. Isso, sim, é querer colocar seriedade em nosso
debate. É direito legitimo dos trabalhadores colocar que é importante que o
desempregado seja assistido pelo nosso sistema de transporte. Só que nós temos
que ter o critério de que esse instrumento não vá incentivar a informalidade,
não vá fazer com que a empresa, em vez de assinar a carteira, prefira deixar o
trabalhador na informalidade para ter o direito ao passe livre. Isso é o que
nós queremos colocar. Nós temos que criar mecanismos com seriedade.
Mas que fique bem claro: nós, estudantes, que
lutamos tanto pelos nossos direitos... Hoje, dia 31 de março, faz 44 anos do
Golpe Militar em nosso País, e mesmo a ditadura militar não teve coragem e
capacidade de enfrentar e tirar o nosso direito. Há 40 anos, no dia 28 de
março, foi assassinado o estudante Edison Luiz, no Rio de Janeiro, que lutava
para assegurar nossos direitos. Nós vamos lutar, sim, para garantir que esses
direitos continuem existindo.
Hoje temos a discussão de, no domingo, termos
direito a meio passe, a de que se fracionem os passes escolares, de que
tenhamos direitos ampliados e democratizados aos estudantes, por exemplo, os
dos cursos de acesso ao Ministério Público - isso é uma discussão que deve ser
feita. Não fugimos da discussão. No entanto, deixamos bem clara a nossa posição
a respeito do nosso direito. O nosso direito é um direito histórico,
conquistado com muita luta, direito do qual não vamos abrir mão. Obrigado.
(Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. José
Ismael Heinen está com a palavra.
O SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN: Exmo
Presidente da Câmara Municipal, nobre colega Ver. Sebastião Melo; Sras Vereadoras,
Srs. Vereadores; Sr. Nilton Souza da Silva, Presidente do Sindicato dos
Comerciários; Sr. Luís Afonso Senna, Secretário de Mobilidade Urbana;
lideranças da nossa comunidade, eu queria escutar mais. Nós, Vereadores,
estamos hoje aqui mais para ouvirmos as partes. Como tenho um compromisso, um
compromisso de saúde, eu me inscrevi para falar agora.
Na minha convicção, o desempregado - talvez seja o
único dos trabalhadores que paga cem por cento a passagem de ônibus - é o mais
injustiçado de todos. Nós temos que achar uma solução para esse trabalhador
desesperado, que busca seu emprego mesmo sem dinheiro. De que maneira vamos
fazer isso? Eu vejo com bons olhos a proposta que o Neco está trazendo, que a
Força Sindical está trazendo, uma proposta de composição de custos; o Sindicato
não quer onerar ambas as partes. Trata-se de uma preocupação legítima, está-se
buscando para o desempregado, que para mim é o mais injustiçado, um direito que
ele precisa ter, até para a sua sobrevivência. Eu acredito que muitas propostas
virão para um consenso. Podemos até buscar o barateamento dos ônibus via óleo
diesel, via seja lá o que for, mas esse trabalhador sem emprego, meus amigos,
tem de estar inserido na proposta, talvez seja quem mais teria de estar
inserido. Então - concluo -, tenho plena certeza de que a cidade de Porto
Alegre, numa construção de diálogo e de solidariedade, haverá de buscar esse
consenso. Muito obrigado pela atenção; tenho de me ausentar, Sr. Presidente.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Sr. Cláudio
Corrêa, Presidente do Movimento Sindical/RS, do PDT, está com a palavra.
O SR. CLÁUDIO CORRÊA: Boa-noite,
Presidente; boa-noite a todos presentes, este é um momento histórico, a luta
pela redução do preço da passagem do transporte coletivo deveria ser de todos.
Mas o que nós temos visto, ao longo dos tempos, é um avanço em tomar o dinheiro
da passagem antes e prestar o serviço depois. Todas as empresas hoje tomam
antecipada a passagem que você vai usar amanhã. Hoje é o melhor negócio no
Brasil! Quando se fala em passagem gratuita no domingo, gratuita para quem, se
está embutido no preço da passagem?
Há quanto tempo nós vimos custeando a burguesia neste País!? E ter que ouvir
burguês dizendo que tenho que continuar sustentando ele para ele fazer turismo!
Isso é um verdadeiro absurdo! O trabalhador não tem que pagar o transporte
coletivo do “filhinho de papai” (Manifestação nas galerias.), nem da sua
empregada. Tem aposentado que ganha um salário mínimo; esse tem direito. Agora,
tem o aposentado que ganha 18 mil, 20 mil reais e tem direito a vale-transporte
gratuito. O serviço dos Correios é um dos serviços mais caros deste País, e o
que ocorre? A passagem é gratuita. O Oficial de Justiça, que vai tirar a
geladeira, a televisão na casa de vocês, trabalhadores, quando vocês não podem
pagar, tem passagem gratuita.
Esse
não é um cálculo sério neste País! Agora, tenho a certeza de que o Conselho,
que tem 60% de representantes do Executivo, tem sido o responsável pelo preço
desse transporte coletivo. (Palmas.) Nós somos obrigados a pagar os ônibus
novos deles, a pagar o IPTU deles e o combustível dos filhos deles. Vou dar um
exemplo muito claro. O SAMU estava se abastecendo na CARRIS e cobrando de quem?
O SAMU abastecendo na CARRIS, e está no custo da passagem. E o dinheiro da
Saúde? Vai para quem? Então, o que eu peço é que os Vereadores de Porto Alegre
nos ajudem a conquistar o vale-transporte para quem realmente precisa buscar um
emprego, para poder sustentar a sua família e para poder ter dias melhores. E
isso tem critério, isso foi colocado! O critério é depois que for concedido o
seguro-desemprego e se ele estiver inscrito para uma vaga de emprego. Então, é
isso que se quer! Não se quer aqui tirar o direito, simplesmente, de quem não
pode; é tirar a concessão de quem já tem e quer ter mais!
Então,
companheiros, o que eu peço é que o Secretário nos ajude a enfrentar essa
situação. Nós não queremos continuar sendo submissos à elite desta Cidade.
Obrigado. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O
Sr. Adão Eduardo Häggstram, do Sindicato Nacional dos Aposentados do Rio Grande
do Sul, está com a palavra.
O
SR. ADÃO EDUARDO HÄGGSTRAM: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras. (Saúda os componentes
da Mesa e demais presentes.) É com uma satisfação muito grande que participo
hoje deste debate, numa hora muito boa, em que o Sindicato traz para discussão
essa questão das isenções. Muita coisa nós vamos ter que fazer, já que a nossa
questão não é discutir conceitos nem posições ideológicas aqui. Não, nós temos
um problema sério, um problema real para discutir. Nós não vamos discutir as questões
do passe do estudante ou não sei o quê. Até quero dizer ao companheiro
representante do movimento estudantil que conheci há muito tempo, na época da
ditadura, aquele “eu prendo e arrebento! não vou permitir!”, aquilo tudo. Isso
me lembra muito o Figueiredo! Então, não é por aí. Também defendo que seja
mantido o direito dos estudantes, compreendo a luta, vocês têm de ser
incisivos, sim, para não mexerem nos direitos de vocês, como nós não queremos.
“Nós não permitirmos, vamos fazer...” Não! Vamos discutir, vamos lutar, vamos
brigar para que não mexam nos nossos direitos. Essa é uma questão de colocação
e de conceito, não é por uma questão ideológica, é uma questão séria que nós
temos.
Podem
colocar: “Este aí é representante dos aposentados e vem trazer uma proposta?”
Mas eu boto para a discussão dos companheiros, é direito. O meu prezado
Vereador diz que nós não podemos discutir porque é uma lei federal, está
sacramentada e pronta. Mas como nós não vamos fazer se esse pode ser um dos
aspectos impeditivos de baixar a passagem? E qual é a nossa posição aí? Eu
quero discutir, sim. Sou representante dos aposentados. Como é que
estabeleceram três salários mínimos? Agora, o meu companheiro Desembargador,
que ganha 27 mil reais - e existem, estão todos aí! -, vai ter isenção?!
(Palmas.) Agora, para mim, são três salários mínimos!? Para o aposentado, idoso
até 60 anos, são três salários mínimos?!
Eu
digo com toda a tranqüilidade: não recebo esse monstro salário que estou
colocando aqui, mas tenho um salário razoável, e, por questões de princípio,
por questões de convicção, jamais vou usar, nos 65 anos que estarei fazendo no
mês que vem, a isenção que estão dando no transporte coletivo, porque entendo
que esse é um dos fatores... Só que aí eu quero a cooperação do movimento
estudantil, eu quero a cooperação de quem ganha bem - nada contra quem ganha
bem -, porque essa é uma questão social. Senão vamos fazer assim: se é para
todos, então o transporte coletivo é uma questão social e vai ser todo de
graça! Aí é legal, não é? (Palmas.) Beneficia todo mundo, não querem discutir,
porque é um direito, aquele troço. Não!
Eu
gostaria de fazer uma proposição: que se crie uma Comissão, através da Câmara,
para encontrarmos uma alternativa com os Vereadores, porque eu acho que eles
são os nossos legítimos representantes aqui na Cidade - é a Câmara de
Vereadores. Que se forme uma Comissão com a participação do movimento social em
Porto Alegre para discutir isso aí, que é sério, porque nós vamos enfrentar
grandes problemas para resolver esse impasse. E para não criar esse atrito, até
lá, de querer... Porque não é uma luta ideológica. Nós não vamos jogar classe
contra classe, nós não vamos jogar trabalhador contra estudante, não é esse o
nosso propósito, companheiros! O nosso propósito é ter uma passagem barata na
nossa Cidade. Muito obrigado. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O
Sr. Gerson Assis, do Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre, está com a
palavra.
O
SR. GERSON ASSIS: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes
da Mesa e demais presentes.) O Presidente da Casa, ao abrir esta
Audiência Pública, disse que era uma matéria de extrema relevância para a
Cidade. A pergunta é: será que é mesmo? Eu acho que “não caiu essa ficha” ainda
no nosso Legislativo, falando com um jargão. Não teve esse Tri ainda, que é de
relevância para esta Cidade. As Bancadas não estão completas aqui neste
Plenário. Então, está faltando a provocação efetiva dessa discussão. Nós não
vemos nossos Vereadores, que foram eleitos para debater, aqui com o povo, e é
isso que nós precisamos: debater. Porque, debatendo, nós vamos encontrar
soluções; debatendo, nós vamos chegar ao problema desse custo tarifário, e não
ouvir discursos hipócritas aqui de que hoje nós sabemos o tamanho da isenção.
Ora,
a tarifa sempre foi calculada. Não se sabia antes quantas isenções existiam no
transporte coletivo? Claro que se sabia! Claro que não é de hoje que a gente
sabe. Hoje nós sabemos a contagem dos idosos, isso é verdadeiro. E nós não temos
aqui um debate, uma batalha com os estudantes, por causa da isenção deles,
porque quem paga a passagem dos estudantes somos nós, os trabalhadores, porque
somos pais de vocês! Então, nós não estamos contrários, nós queremos vocês
nessa briga, nós queremos vocês como nossos parceiros para mudar, para
modificar o quadro, mudar esse absurdo que a gente vê a cada época eleitoral
nesta Cidade, qual seja, a criação de novas isenções que vêm consumindo, que
vêm destruindo o direito do estudante, o direito do trabalhador, que vêm
consumindo talvez o direito do desempregado, direito que nós estamos aqui hoje
pleiteando.
Sabem
por quê? Porque quem paga essa conta é o zé-povinho. Agora, está na hora de
dividir isso, está na hora de trazer para o debate a informação de que a EPTC
arrecada mais de um milhão de reais com passagem do ônibus. Por que esse
dinheiro não pode sustentar a tarifa do desempregado? Está na hora de ter esse
debate! Mas tem que ter seriedade, chega de hipocrisia! Nós não agüentamos
mais! Nós temos que saber que quatro milhões de pessoas transportadas nesse
último mês vão refletir no próximo cálculo tarifário, nós temos que saber que o
passe-livre de domingo é mentira, ele não existe! O zé-povinho paga essa conta
todos os dias; e paga antecipado! Tem que dar um basta nisso, mas nós temos que
ter seriedade, nós temos que ter compromisso, nós não podemos ter ideologia
partidária para esse debate, para esse assunto. Secretário, eu dizia que - para
ajudar nessa questão do desempregado - um milhão que o senhor arrecada por mês
lá na EPTC, da tarifa que o zé-povinho paga, pode contribuir para essa conta! O
senhor entendeu? São idéias que a gente está lançando. É esse o debate que a
gente tem que fazer.
Eu
tenho uma preocupação, porque é muita isenção na tarifa. Eu estou aqui em
defesa do direito do trabalhador desempregado, sim, mas tenho uma preocupação:
se só tiver isenção, não vai ter o cobrador de ônibus, porque, se não tem
pagante, não tem quem receba. Então, nós temos que fazer um debate sério! Dar ao
desempregado, sim, o direito de ser transportado; dar ao estudante o direito da
sua isenção. Porque sou eu quem paga essa conta. Eu pago para o meu filho
estudante, nós não temos nenhum receio de travar esse debate; nós não temos
nenhum problema, Vereador, mas temos uma preocupação: por quanto tempo essa
discussão vai se prolongar? Durante este ano político? E no próximo ano como é
que fica? Qual é a efetiva solução que nós vamos encontrar? E é isto que todos
os sindicatos filiados à Força Sindical, todos os trabalhadores rodoviários,
todo zé-povinho que paga passagem no dia-a-dia querem saber: até quando vamos
deixar a hipocrisia somar em cima dos nossos ombros o custo da tarifa? Até
quando o COMTU vai ser apenas um Conselho consultivo, dizendo para o Prefeito
se ele pode ou não aumentar? Porque eu fui pago, Sr. Jaires Maciel, nesses 12
anos. Pergunto a ele, já que ele debate aqui a questão da isenção: quando
foi que ele votou contrário ao aumento de tarifa por achar que era absurda?
Nunca!
Então,
nós temos que fazer um debate sério, é um debate do povo, e essa Comissão,
Vereador, que foi proposta aqui nós apoiamos, e mais do que isso: nós vamos
cobrar. Agora, sem discursos hipócritas, nós precisamos de solução, nós
precisamos atender o nosso trabalhador desempregado, nós precisamos atender o
nosso trabalhador doente, porque é o zé-povinho que paga essa conta. Está na
hora de os senhores chamarem essa responsabilidade para si.
Para
finalizar: não acredito que os Vereadores tenham tomado como uma surpresa o
valor de um milhão arrecado por mês pela EPTC. Não acredito que, quando vem o
cálculo tarifário, os senhores não olhem. Eu não acredito nisso. Os senhores
têm que olhar, é 3% do que a EPTC arrecada, mais de um milhão por mês, e isso
dá para cobrir o nosso problema dos desempregados. Muito obrigado, pessoal.
Responsabilidade. Que Deus ilumine e não deixe a hipocrisia tomar conta deste
Plenário.
(Manifestações nas galerias.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Esta Audiência
Pública está com um debate altamente qualificado, eu só peço aos senhores
participantes que oportunizem a fala aos que estão na tribuna; os senhores
podem se manifestar no final. Agradeço a gentileza.
O Sr. Cristiano Alves, do DCE da FARGS, está com
a palavra.
O SR. CRISTIANO ALVES: Boa-noite ao Presidente da Casa, aos Vereadores aqui
presentes, ao Presidente do Sindicato do Comércio, ao Presidente da Força
Sindical, aos trabalhadores - que hoje são as figuras mais importantes aqui
para a gente esclarecer as coisas.
Quando
vi o pessoal do 2º Grau mobilizado, pensei: “Pô! Beleza! Não vou nem precisar
me inscrever. O debate vai ser feito num nível alto”. Mas estou um pouco
decepcionado. Eu, que participei do movimento “Fora Collor”, que andei na rua
com os estudantes no meu tempo de 2º Grau, e hoje faço parte de uma faculdade,
estou um pouco decepcionado com o radicalismo. Não é por aí que as coisas vão
se resolver; não é dando porrada, dizendo que vão prender e arrebentar, que não
vão sair, que vão fechar a rua. Isso não vai adiantar. O que tem que acontecer
é a criação da Comissão para que haja um debate sério sobre a passagem e as
isenções. Não adianta a gente entrar num debate político, tem que haver um
debate técnico da coisa.
Então
o que acontece? O Movimento Estudantil há muito tempo deixou de ser Movimento
Estudantil para ser Movimento Estudantil e Trabalhador. Porque hoje os
estudantes que só estudam são uma minoria. A maioria estuda e trabalha -
estudam à noite e trabalham o dia inteiro. E, com isso, necessitam também que a
passagem seja revista. Porque não adianta ter a carteirinha escolar e ficar
limitado ao número de passagens que se pode utilizar. Outra coisa: as passagens
escolares não foram criadas para o pessoal fazer turismo por Porto Alegre,
caminhar nos parques, dar uma corridinha, pegar um arzinho na Redenção. Não foi
para isso. Foi para ir a uma biblioteca, foi para freqüentar um curso
extensivo; para isso ela foi criada. As pessoas estão confundindo um
pouco o foco da passagem estudantil.
Outra
coisa que é importante que se diga é o seguinte: o estudante em si necessita
não só da passagem escolar, mas de um monte de coisas que não estão aí sendo
debatidas ou que vão ter que ser debatidas. E não adianta o pessoal do 2º Grau
vir fazer bagunça neste debate, que é sério. Não estou vendo o pessoal do 2º
Grau na rua em função do fechamento de escolas estaduais que a Secretária de
Educação está promovendo. Eu não vi. A Escola Argentina, onde freqüenta o filho
de uma amiga nossa, não foi visitada pelo movimento do 2º Grau em função do seu
fechamento! Isso tem que ser dito. É importante que os estudantes...
(Manifestações
nas galerias.)
O
SR. CRISTIANO ALVES:
Presidente, preciso que o senhor me assegure a palavra, porque...
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O
seu tempo está assegurado. Quero fazer um apelo, porque a democracia que nós
ajudamos a construir tem regras. Por mais que não gostem daquilo que outro está
falando, é um direito que ele tem de fazer o seu contraditório. (Palmas.)
Portanto, quero fazer um apelo, porque sei que neste plenário só tem gente
civilizada. Vossa Senhoria pode continuar.
O
SR. CRISTIANO ALVES:
Agradeço.
Quero
concluir dizendo que o estudante, em função da economia, precisa se sustentar
nos seus estudos. Hoje, estudar no Brasil é extremamente caro. De cada cem
estudantes que concluem o 2º Grau, dez vão para a universidade, e desses dez um
ou dois vão concluir. E todos eles concluem seus estudos trabalhando, não
somente estudando. Daqui a pouquinho, quando terminarem os estudos, eles vão
sair daquela pseudoelite que é “pô, eu sou estudante, eu estudo” e vão cair na
vala comum dos desempregados, e aí vão querer passagem. Só que aí não vão mais
a ter, porque não respeitaram este debate, não debateram no momento oportuno e
perderam a chance de criar, para o trabalhador, a isenção de passagem, que ao
meu ver é um direito constitucional. Se a Constituição assegura a todos a
igualdade, por que o desempregado não tem direito à passagem gratuita, e outros
tantos que não a merecem tem?
Outro
alerta que queria fazer é o seguinte: os rodoviários são massacrados nos ônibus
de Porto Alegre. Vamos ter cuidado, porque tem muito estudante que não respeita
o rodoviário, arrebenta os ônibus, briga com os cobradores, quer mandar no
motorista; isso tem que acabar. É importante que isso seja visto também, o
estudante tem que ser educado; o estudante é o futuro da nossa Nação, ele tem
que respeitar para ser respeitado, e vai aprender também que a vida não é só
estudo. A vida é estudo e trabalho! Obrigado. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
O Sr. José Nivaldo Brum, do Sindicato dos Instrutores e Examinadores do Rio
Grande do Sul, está com a palavra.
O
SR. JOSÉ NIVALDO BRUM:
Boa-noite a todos: trabalhadores e trabalhadoras; Ver. Sebastião Melo,
Presidente desta Casa; Sr. Nilton Souza, o Neco; Sr. Cláudio Janta, Presidente
da Força Sindical. Nós, trabalhadores do sistema de trânsito, que tem aí 6.700
trabalhadores e instrutores, uma classe que tem uma média de salário em torno
de 400 a 500 reais, também estamos muito preocupados com essa situação das
isenções no transporte coletivo, isenções que nos causam determinado
constrangimento até em debater, porque há muitos aposentados que realmente
necessitam desse transporte, há muitas pessoas que precisam desse transporte,
há trabalhadores que dependem desse transporte, chega no final do mês muitos
trabalhadores têm que optar entre vestir, comer, dar estudo para os filhos ou
pagar o transporte. Fica difícil uma tarifa de R$ 2,10 para um trabalhador que
ganha, às vezes, R$ 400,00 ou R$ 500,00, fica difícil para todos nós pagarmos
esse transporte em função das isenções, isenções que têm que ser revistas.
Eu
fico muito feliz de o Cláudio e o Neco terem feito esse debate, porque chegou a
hora de mostrarmos a nossa cara e dizermos que é necessário que esse valor seja
revisto, que essas isenções sejam revistas. A coisa não é por aí - dar isenções
públicas com o dinheiro do trabalhador -, não é possível continuarmos a pagar
essas isenções simplesmente porque, talvez, um candidato venha a trabalhar
dentro de uma autarquia, venha para dentro da Câmara de Vereadores e, junto com
outros Vereadores, resolva dar uma benesse a alguém sem discutir esse valor.
Esse valor é dos trabalhadores, são eles que pagam, somos nós que pagamos, e isso
fica difícil. Eu peço que esta Casa reveja o conceito das isenções, para que
possamos, todos juntos, debater e achar um meio comum, uma definição correta
para esse valor, creio que está na hora.
Muito
obrigado por este debate, Sr. Neco, por tê-lo trazido aqui, com a tua coragem,
a coragem da Força Sindical, mobilizando toda a sociedade para tirar as
isenções. Sei que vai causar problemas e constrangimento a muitos aposentados,
mas existem aposentados ganhando muito. Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Sr. Ricardo
Queiroga, do Movimento Jovem Cidadão, está com a palavra.
O SR. RICARDO QUEIROGA: Eu colaboro
com esse Movimento e gostaria de dizer para vocês, em primeiro lugar, que toda
e qualquer pessoa não enxerga o que vê, enxerga o que pode. E por que
enxerga o que pode? Pela
capacidade de compreensão, de discernimento e de entendimento. Os senhores
estão aqui, e eu me dou a audácia de vir aqui falar e contribuir com este
debate, por uma questão de efeito! Mas o fundo desse pano é a causa, é o
desemprego, é a falta de desenvolvimento, é a falta de investimento na
sociedade! Que se dê mais possibilidade de qualificação profissional, de
geração de renda.
E
venho falar aqui pelos grupos de excluídos, que nem sequer voz têm, são crianças
vegetativas, são crianças portadoras de HIV, são crianças cadeirantes, muitos,
filhos de alguns de vocês e de alguns que nem sequer, por compreensão,
conseguem dar afeto ao próprio filho, que não tem condições de chegar ao lugar
do atendimento; de 17 mil novas consultas nesta Cidade, 5 mil são perdidas. Por
quê? Porque as pessoas não têm acesso. Dr. Janta, não dê as costas, como o
senhor nunca deu, a quem já está especialmente excluído. Uma pessoa em estado
terminal de câncer, uma pessoa doente mental, uma criança que está com uma
família totalmente carenciada... Diga-se de passagem, pelas pesquisas, carência
é meio salário mínimo, por cabeça, na família, e é um valor significativo. Eu
estou falando do miserável, que, além de não ter afeto, não tem comida e tem
que sobreviver. Há o paciente terminal que não está no hospital - porque só
atendem os que estão na fase aguda -, ele está em casa, muitas vezes a família
o acorrenta para ele não bater em alguém. Não dêem as costas para as crianças!
Senhores, esta Cidade está ficando azul, mas não é azul por causa do Grêmio,
está ficando azul por causa dos parquímetros. Para onde vai esse dinheiro?
Alguém tem que dar essa explicação. De que forma é esse tratamento?
Agora,
senhores, é necessário que vocês tenham... Pelo que me consta, salvo maior
juízo, já existe uma proposta, protocolada, de autoria do Ver. Almerindo Filho,
que solicita uma Comissão Especial. Às vezes eu me surpreendo do oportunismo de
algumas pessoas que vêm, em alguns debates, em algumas posições, apresentar
propostas velhas como novas. Cada um de vocês, que sabe o que é miséria... Eu
perdi o pai aos 13 anos, mas não fui um drogado, porque o esporte me deu
espaço; não fui um drogado, porque a escola me deu espaço, mas aquelas crianças
com que trabalhei na Restinga, na Lomba do Pinheiro, crianças que não têm
acesso ao atendimento social, porque não há política autêntica de atendimento a
essas crianças, têm de se deslocar para algum lugar. Eu cuidei de 1.500
infratores na FEBEM, os mais perigosos, como esse menino que matou 16, e ele
matou mais do que isso; como aquele que fugiu e estuprou 21 meninas no
Anchieta, de alto nível, de classe social alta. Nós não podemos tratar os
desiguais de forma igual, a sociedade e a democracia prevêem que nós tenhamos
condições - o Estado e nós todos - de subsidiar, sim, quem precisa.
Então,
senhores, corporativamente, os sindicatos estão aqui representados com muita
autenticidade, com muito vigor, mas lembrem-se que um dia vocês foram crianças,
se chegaram até aqui foi porque puderam, mas alguns vão tombar no caminho. De
cada infrator homem que havia naquele CM, seis se recuperavam, dois morriam no
caminho e dois sumiam; de cada dez meninas, nove não voltavam, uma se perdia no
caminho. Não dêem as costas para as crianças! Façam um bom debate. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Registro
a presença do Sr. Régis Leal, Diretor Administrativo-Financeiro da Companhia
Carris Porto-Alegrense.
O
Ver. Adeli Sell está com a palavra.
O
SR. ADELI SELL: Sr.
Presidente, meu caro Neco, meu caro Senna, senhoras e senhores, comerciários,
rodoviários, cidadãos e cidadãs de Porto Alegre, nesses momentos de Audiência
Pública - também neste ano, que é um ano eleitoral -, certos discursos são
muito fáceis, e há gente garimpando votos. Mas nós, Vereadores, temos
compromissos com a Cidade por 365 dias por ano, temos que colocar o debate onde
ele deve ser colocado.
Em
primeiro lugar, há algumas questões, por exemplo, a respeito dos idosos. E o
debate não é apenas aqui; é aqui, mas também é no Congresso Nacional. Então,
temos que saber como fazer transitar esse debate na Câmara Federal. Os senhores
e as senhoras votaram em Deputados Federais e em Senadores, esse é um debate
que também deveria ser feito com eles. Eu sei que há muito idoso que deveria
estar usando o transporte coletivo, mas que muitas vezes não o usa porque está
lá na periferia, jogado num canto, não tem acesso a informações. E há aqueles
que poderiam pagar, mas não pagam. Esse é um outro debate. É um debate importante,
sem colocar em risco qualquer direito das pessoas.
Os
estudantes têm direito à meia passagem, mas hoje a gente vê que há denúncias -
e nós cobramos - sobre carteiras falsificadas que não foram averiguadas. Isso
também tem de ser colocado. Depois, coloca-se no jogo estudantes de cursos que
não são cursos regulares; agora, qualquer coisa é universidade, para qualquer
coisa inventam o nome de universidade. E como é que fica o caso dessas pessoas,
que fazem um curso, que pegam a passagem, e não se tem controle sobre o início,
o meio e o fim disso?
Sobre
a questão do passe livre, acho que a gente tem de acabar com esse rolo. Temos
de ter passe livre no dia de votação, todos têm de ir votar; no dia de
vacinação é para quem acompanha a criança, etc. e tal; e, sobre o resto, nós
estamos vendo o que está acontecendo. Não vamos nos enganar. Não é o povo que
está utilizando o transporte nos finais de semana. Inclusive, tem uma zoeira,
nós estamos discutindo o controle da bagunça, porque sei de motoristas que não querem
fazer escala nesse dia, porque a zorra é total. Eu conheço muitos motoristas,
muitos cobradores que têm dificuldades nesse dia. Temos de discutir muito bem
essa questão.
Não
há problema algum em fazer uma Comissão Especial, mas não vamos entrar nessa de
fazer uma Comissão para enrolar, porque não tem sentido uma isenção para um
oficial de justiça; não tem sentido isenção para quem tem de dar o vale, como é
o caso da Empresa Correios. Até aproveitamos uma ida ao Correios outro dia,
sobre outro tema: estava lá o Presidente, e dissemos ao Superintendente dos
Correios que queríamos debater esta questão com os Correios. Temos de resolver
efetivamente esse problema das isenções.
Agora,
a grande discussão que tem de ser feita é o subsídio ao transporte coletivo,
porque essas pessoas portadoras de deficiência deveriam, ao serem cadastradas,
como existe o cadastro do Bolsa Família e outros... Se receberem, deve ser um
vale específico de um fundo específico para isso, porque dessa maneira o
trabalhador, aquele que paga R$ 2,10 suadamente, pagaria menos. Nós temos
isenções que não é o trabalhador que devia de pagar, é um Fundo da Prefeitura,
do Governo Estadual, do Governo Federal, eles deveriam pagar essas isenções. E
a mesma coisa: quem tivesse o cadastro como desempregado e estivesse usufruindo
a questão do salário-desemprego deveria receber, ao se cadastrar lá no Sine e
lá na DRT; deveria haver um Fundo específico para isso, porque, senão, a conta
vai ser cobrada sempre de quem paga a passagem. Então, às vezes nós estamos
fazendo uma falsa discussão aqui. Se é para ter Comissão Especial - eu topo,
entro nessa, companheiro de Bancada Ver. Todeschini -, nós topamos, vamos já
discutir na quarta-feira se for o caso. Agora, nós não queremos mais enrolação:
nós queremos transporte de qualidade, nós queremos horários, nós queremos
qualidade, mas não subterfúgios nessa discussão. No discurso, às vezes é muito
fácil defender uma isenção aqui, outra ali, mas quem paga a conta, na verdade,
é o próprio trabalhador. Queremos discutir o sistema no seu todo, e o Poder
Público tem de fazer a sua parte.
Agora
eu quero dizer o seguinte, Senna: qual é a posição do Executivo? Porque o
projeto deveria vir do Executivo, porque é assim que dita a norma, a lei.
Espero ter contribuído com este debate, eu não fujo do debate e quero ser
convidado para, a todo momento, debater esse tema e achar uma alternativa que
seja viável para garantir um transporte público de qualidade em Porto Alegre
como todos nós merecemos. Obrigado. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Nós
temos uma última inscrição, que é a do Ver. Todeschini. Faço um apelo aos
senhores que participam da reunião no sentido de que aqui permaneçam, para que
a gente possa fazer o encaminhamento final.
O
Ver. Carlos Todeschini está com a palavra.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr.
Presidente, Ver. Sebastião Melo; dirigentes sindicais, trabalhadores de Porto
Alegre, eu não pretendia usar a palavra, mas pretendia aprender ouvindo as
coisas que foram ditas aqui. Eu ouvi algumas coisas que acho que precisam ser
examinadas mesmo. Por exemplo, sobre o transporte gratuito uma vez por mês, eu
fui contrário sempre. Se reduzíssemos a dois dias apenas, nos dias das
eleições, um ano nós teríamos, o outro não teria. Se reduzirmos para o dia da vacina,
nós excluiríamos dois domingos, ficariam dez domingos. Esses dez domingos
representariam uma soma de passageiros transportados na ordem anual de sete
milhões de passageiros. Cada domingo transporta 700 mil passageiros, e esses
700 mil não são trabalhadores. Nós sabemos que os arrastões ocorrem nos
domingos de passe livre. Se a Câmara não tivesse feito a lei dando àquelas
pessoas de mais de 60, até 65 anos - se respeitássemos a Constituição, e aí não
adianta querer mudar -, reduziríamos 25% dos que constitucionalmente têm
direito. Eu verifiquei, pelos números dos transportados que foram ali
apregoados, que nós reduziríamos 25%. São 35 mil pessoas que têm entre 60 e 65
anos. Nós reduziríamos 25%, porque são 144 mil o total.
Os Conselhos da Prefeitura, todos, têm minoria de
servidores municipais, todos, sem exceção. Agora nós conseguiríamos - eu
tentei, quando fui Prefeito - a isenção de impostos para a compra dos ônibus,
dos chassis e das carrocerias, conseguiríamos diesel a preço de refinaria para o transporte público. Não teria no
montante uma expressão muito grande. Porto Alegre não tem 1.500 ônibus, nem
todos são renovados a cada ano; a cada cinco anos, começam a pensar em
renovação. Portanto, não teria para o Governo Federal, para o Governo Estadual
nenhuma expressão. Agora, no conjunto da tarifa, realmente teria uma expressão
muito grande.
Eu quero chamar a atenção de todos, só tem uma
condição que é essencial no transporte coletivo... Eu sempre digo que são três:
planejamento, fiscalização e tarifa justa. Enquanto tivermos tarifa justa, o usuário ganha,
ganha porque é justa. Mas, se não for justa, se for cobrada a mais, ele perde.
Agora, se for cobrada a menos, ele perde muito mais, porque, de repente, não
tem mais transporte coletivo. Portanto, as coisas que aqui foram ditas hoje, se
somadas, talvez tragam alguma solução, o resto é discurso. Saúde e PAZ!
(Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
O Nilton Souza da Silva, requerente desta Audiência Pública, está com a palavra
para as considerações finais.
O
SR. NILTON SOUZA DA SILVA:
Primeiramente eu queria agradecer ao Ver. Sebastião Melo, que colocou de pronto
a nossa solicitação em votação aqui nesta Casa, e agradeço esta Casa por ter
aprovado a realização desta Audiência Pública. A gente entende que o diálogo é
muito importante, a prática do diálogo, da conversa, de ouvir, de falar, isso
tudo é fundamental para que consolidemos no nosso País a democracia, já que ela
é tão nova.
É
importante também frisar, Ver. Garcia, que a sua proposta de criação da
Comissão Especial... E disseram aqui ser velha, mas oportuna no momento. Eu não
vou falar dos Vereadores que não estão presentes, eu vou engrandecer o valor
que os que estão presentes deram a esta Audiência Pública. Então, agradeço
àqueles que realmente estão exercendo o seu mandato, que estão aqui
participando, ouvindo e dando opinião, isso é muito importante para a
comunidade. Em relação aos que não estão, nós vamos cobrar na hora certa.
Uma
coisa é importante: eu ouvi muita gente falar do ano eleitoral. Nós temos
eleição de dois em dois anos, então praticamente vivemos em eleição no nosso
País.
Uma
outra coisa que nós não clareamos e que é importante é que esse debate nós já
propusemos não só ao Prefeito Fogaça, mas a outros Prefeitos e nunca
conseguimos que a Prefeitura fizesse um debate sério em relação a essa questão
de rever as concessões do vale-transporte. Agora está vindo para cá, porque na
Presidência desta Casa há um homem que quis chamar o debate, ele se propôs a
encarar esse debate com a sociedade civil organizada da nossa Cidade. É
importante salientar isso, porque não está querendo se oportunizar
politicamente, o movimento sindical quer bater em A ou B... Não! Pelo
contrário, nós estamos aqui porque é injusto o que está acontecendo na nossa
Cidade. Nós não queremos que a isenção do estudante de pagar meia passagem seja extinta;
o que não queremos é que quem tem condições se esconda atrás do estudante pobre
para ter a isenção também. São essas coisas que a gente tem que rever. (Palmas.)
São essas coisas que são importantes para a nossa
Cidade. Devemos rever com seriedade, como falou o Presidente Janta e como
falaram outros dirigentes sindicais e pessoas que vieram aqui se manifestar,
devemos fazer um debate franco e aberto, para buscar soluções. O que nós
queremos é uma tarifa justa, como falou o Ver. Dib. Eu tenho um ditado antigo:
”O diabo é diabo não porque é diabo, mas porque é velho”, e está aqui o sábio
Vereador; muitas vezes não concordamos com suas posições, mas é um homem que
sempre esteve presente na Câmara de Vereadores, nunca se isentando a debater
suas idéias. Isso é importante, é isso que a gente tem que ressaltar nesta
Casa, que a Casa leve com seriedade isso. Não vamos deixar morrer, vamos criar
a Comissão Especial, vamos debater isso. Agora, é importante que não morra o
debate, vamos precisar da ajuda dos estudantes, de todos os trabalhadores. Se
este debate não continuar, se tentarem abafar o debate, vamos para a rua cobrar
da Prefeitura, vamos para a rua cobrar desta Câmara que o leve adiante. Eram
essas as considerações que gostaríamos de fazer. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Muito
obrigado, Neco.
O Sr. Luís Afonso Senna, Secretário de Mobilidade
Urbana, está com a palavra.
O SR. LUÍS AFONSO SENNA: Sr.
Presidente, queria aproveitar esta oportunidade final para prestar
esclarecimentos em relação a algumas questões que foram colocadas.
Em primeiro lugar, em relação ao que o Sr. Luis
Carlos Barbosa mencionou, quanto à questão dos estudantes, dos números que
apresentei, no sentido de que não estaria dividido por dois. Na realidade, eles
foram divididos por dois, e estou deixando para a Presidência a cópia da
apresentação feita, seria um erro muito primário, e nós não o cometemos.
A segunda observação que eu queria fazer -
infelizmente a Verª Maristela Maffei não está - é de que todos os ônibus que
entram na frota de Porto Alegre são de motores euro, que atendem a
especificação mais moderna que temos, com motores eletrônicos, todos comandos
eletrônicos e são, sim, ambientalmente amigáveis, ao contrário do que a
Vereadora mencionou.
Outro aspecto que queria rapidamente mencionar é
sobre a tarifa ser mais cara ou menos cara em relação as outras cidades. Vou
insistir que Porto Alegre tem tido, ao longo das décadas, o compromisso de, na
hora do reajuste, fazê-lo, porque isso representa a manutenção do equilíbrio
econômico-financeiro e sempre procurando preservar a modicidade tarifária.
Acontece que Porto Alegre, agora em 2008, foi uma das poucas cidades que promoveu
o reajuste. Outras cidades o farão durante este ano ou talvez não o façam, vão
esperar para fazer após as eleições. Porto Alegre é muito transparente. Todos
os Governos que têm passado, independente dos Partidos políticos que tenham
ocupado o Governo Municipal, e acho que isso é uma característica importante
desta Cidade...
E, quanto à planilha de custos, ninguém pode alegar
desconhecimento, ela é publicada, ela é parte de uma lei, passa pelo Conselho
Municipal de Transportes, ela vem para esta Casa e está permanentemente à
disposição de qualquer cidadão desta Cidade. Ocorre que nem sempre as pessoas
têm interesse em conhecer a planilha, que é discutida todos os anos - todos os
anos. E a discussão é absolutamente a mesma. Se as pessoas não conhecem até hoje
é porque não se interessaram em fazer isso.
Eu queria - o Ver. Dib já mencionou -, por uma
questão de justiça com o Conselho Municipal de Transporte Urbano, deixar bem
claro a participação do Governo no Conselho: dos 21 membros, seis representam o
Governo Municipal, e parte desse Conselho que representa a população tem um
número bastante grande, inclui o próprio Sindicato dos Trabalhadores nas
Empresas de Transportes por Ônibus em Porto Alegre, o Orçamento Participativo e
a CUT, entre outros.
Para corroborar inclusive a preocupação desta Casa,
eu vou deixar aqui os primeiros resultados que estamos tendo em função da
implantação da bilhetagem eletrônica, que, eu insisto, vai trazer uma
transparência muito maior sobre quem anda, quantas vezes anda e até que ponto
as pessoas estão utilizando aquele benefício da forma como foi concebida, de
como ele deveria ser ou não. E isso a bilhetagem vai permitir. Eu vou deixar
com o Presidente estes primeiros relatórios.
Para finalizar, eu só queria registrar o fato de
que as preocupações com o barateamento da tarifa não são exclusivas de Porto
Alegre, em nível nacional existem várias iniciativas, entre elas eu ressalto
três: a Frente Nacional de Prefeitos, que vem trabalhando intensamente em
relação a isso; uma Frente Parlamentar que envolve o Congresso Nacional, no
sentido dessa busca, e o Movimento de Desoneração das Tarifas, que tem como
objetivo a redução de impostos que incidem sobre o transporte público.
Sr. Presidente, eu diria que estes debates são sem dúvida muito importantes. Eu não imagino que o Poder Executivo tenha de ser visto como inimigo neste debate, muito pelo contrário, toda a informação disponível está com o Poder Executivo, que tem obrigação, até por dever de ofício, de assegurar a modicidade tarifária e o cumprimento de toda legislação municipal. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Solicito ao Diretor Legislativo, Luiz Afonso, que inclua nos autos deste
processo dois documentos que chegaram à Mesa. O primeiro deles é do Secretário
Senna, e o segundo é de autoria do Sr. Jaires Maciel; que este material seja
acostado e socializado a quem desejar essas informações.
Bom, resta-nos finalizar dizendo algumas coisas.
Primeiro, quando o Presidente do Sindicato dos Comerciários juntamente com sua
Diretoria foram até à Presidência, eu lembro de uma expressão sobre esse tema,
ele, um profundo conhecedor, disse: “Olha, realmente não há ‘almoço de graça’.
Se alguém está deixando de pagar, alguém está pagando por eles”. Eu respondi ao
Neco: “Não tem almoço, não tem janta, nem lanche”. Então, alguma coisa está
errada. A Presidência da Casa fica muito satisfeita de ver o desdobramento,
porque achamos que seja na Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação, em
parceria com a Comissão de Defesa do Consumidor, ou essas duas Comissões dando
o entendimento... Para os senhores entenderem, uma Comissão Especial tem que
passar pelas Comissões da Casa, que são as Comissões Permanentes, para dar
acordo e sair essa Comissão Especial. Agora, esta Presidência tem todo o
empenho no sentido de que esta matéria seja aprofundada.
Por isso, Sr. Presidente do SINDEC, tenha certeza
de que esta Casa não tem faltado à Cidade. Discordo, às vezes, quando alguém
faz referência ao ano eleitoral. Eu acho que o ano eleitoral é até melhor para
discutir esses temas, porque na verdade... Eu, como Presidente da Casa, não me
compete dar opinião, mas quero dizer que não sou contra as isenções. Agora,
isenções, na minha avaliação, têm que ter critérios. Não pode ser
indiscriminada, porque quem paga a conta... É que nem o imposto brasileiro,
quem mais paga imposto neste País é o que menos pode, porque é o imposto
indireto; o quilo do arroz do pobre é o mesmo imposto do quilo do arroz do
rico. Se você fizer um paradigma, verá que é a mesma coisa, quer dizer, quem é
que paga a passagem do dia-a-dia? É aquele que, no cash, paga a
passagem. Quem está isento não paga, e quem tem o emprego formal recebe o
dinheiro ou recebe o cartão. Então, quem paga é aquele que mais precisa da
passagem de graça. Está na hora de fazer esse debate de forma responsável, o
Executivo, sim; a Câmara de Vereadores, sim; a sociedade civil organizada, sim,
mas um debate sem histerismo, um debate “pé no chão”. Não há mais espaço na
política para alguém chegar e levar no grito. Não, acho que essa é uma matéria,
como tantas outras, que tem de ter amadurecimento. E eu vejo nesta Casa, com
toda a tranqüilidade, um amadurecimento para aprofundar essa questão.
Então, quero agradecer a todos, aguardo o
Requerimento do Ver. Professor Garcia que, com certeza, será subscrito por
outros Vereadores, pelas manifestações aqui feitas. A Casa, tão logo a
Presidência receba, vai diligenciar e pedir rapidez para que a Comissão possa
ser formada, para que possamos estabelecer o debate. Aqui os encaminhamentos
são tão importantes ou mais importantes que o debate.
Muito obrigado ao Sr. Secretário Senna, ao
Presidente Neco e a todos os senhores que participaram desta Audiência Pública.
(Encerra-se a Audiência Pública às 21h21min.)
* * * * *